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Mario Nitsche

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GUSTAVO A. RODRIGUEZ - CAMPEĆO DA COPA MERCOSUL DE SUPERBIKE 2001

Fonte: Grin Jets Superbike Racing Team

Meu nome é Gustavo Rodriguez, 38 anos, argentino de Buenos Aires, esta foi a minha quarta temporada como piloto de Superbikes. Em 1994 pilotei uma Yamaha FZR 1000 e fui o vice campeão paranaense invicto......., também participei em 1994 do campeonato Brasileiro de Superbikes. Decidi voltar em 1999, desta vez ao comando de uma Suzuki GSXR 1100 também sendo o vice campeão. Em 2000 participei da Copa Mercosul de Superbikes ao comando de uma Suzuki GSX 750R SRAD, terminando também como vice campeão. Para 2001, nossa estrutura se tornaria muito boa e as chances de título seriam bem maiores. Começamos os testes já em janeiro no autódromo de Londrina junto com outras equipes, neste primeiro teste tomei dois tombos visando quebrar os tempos do ano anterior. Voltamos para Curitiba com a moto destruída, mas eu estava inteiro, a equipe trabalhou rápido e em fevereiro decidimos fazer outro teste, desta vez no autódromo de Curitiba. Outro desastre! Uma tampa do motor quebrou derramando óleo no pneu traseiro e o tombo foi inevitável, apesar de ter caído a 180 km/h, eu não sofri nada. Devo isto aos macacões que tenho usado nos últimos dois anos ( da marca MOTO), novamente a moto se destruiu. Em março decidimos fazer mais um teste, meu companheiro de equipe tinha alguns problemas de acerto e decidi dar uma “forcinha”, esquecendo que nossas motos tinham acertos e equipamentos diferentes, embora fossem da mesma marca. E aí aconteceu o pior, tomei um tombo fortíssimo quebrando seriamente o tornozelo direito, os dois joelhos, a mão esquerda e o cotovelo esquerdo. Em seguida fui submetido a cirurgia no tornozelo e nos primeiros trinta dias após a cirurgia, a minha participação na Mercosul de 2001 era pouco provável. A equipe continuou seu trabalho com o outro piloto e, como a primeira prova seria em Cascavel-PR, acompanhei alguns testes que o meu companheiro #16 Jefferson Soares fez. Já estava na fisioterapia, fazia duas ou três horas por dia e a data da primeira prova cada vez estava mais perto. A possibilidade de pilotar era pouca, pois minha mão não tinha força suficiente para me agarrar no guidão e meu pé esquerdo além de não dobrar, eu não conseguia pisar. Uma semana antes da  prova de Cascavel decidi tentar treinar, as dores foram muito fortes e tivemos alguns problemas mecânicos. Foi nesse momento que achei que minha carreira como piloto estava acabada ou pelo menos para o ano de 2001. Fiquei muito triste, mas meu grande team manager (Gildo), numa conversa muito aberta, como sempre, me convenceu a não desistir. Então, na semana seguinte, fomos para a primeira prova da Mercosul, que para 2001 teria 8 etapas, num total de 16 provas, pois cada etapa da Mercosul tem duas baterias, como no mundial de Superbikes.

1a. Etapa: Cascavel, 20-05-2001- Numa conversa com meu chefe de equipe Gildo, traçamos a estratégia. Nossa condição era a seguinte: era impossível colocar meu pé direito no chão, então ficou claro que não usaria o freio traseiro e teria que andar meio de lado na moto; minha mão esquerda (da embreagem) também não funcionava direito, então fizemos uma modificação no sistema para ficar mais leve. Nos testes não consegui andar mais que 6 voltas, logo a estratégia seria a seguinte: tentar andar e marcar pontos. A pista ajudava por que só tinha uma curva forte para direita, então com a estratégia na cabeça fomos a pista. Marquei o segundo tempo para o grid de largada, (uma surpresa!). Na primeira bateria, o campeão #1 Lambreta caiu na primeira volta e eu incrivelmente brigava pela ponta, até que na sétima volta a corrente de transmissão quebrou e fiquei fora da primeira bateria...................

Na segunda bateria a situação era péssima, largava no final do grid, o pole position foi embora e travei uma batalha com o #1 a corrida inteira. Houve momentos em que achei que o guidão iria escapar das minhas mãos, pois a minha mão esquerda nas últimas voltas não funcionava mais,  mesmo assim consegui chegar em segundo lugar, fiz 17 pontos e ocupei o 6o. lugar no campeonato,

2a. Etapa: Curitiba-PR, 24-06-2001- Bom, quase 35 dias tinham passado, minha condição já era um pouco melhor, a mão esquerda já estava mais confiável, mas o pé embora também estivesse melhor, atrapalhava pois as curvas eram todas para direita. No treino antes da classificação, uma peça da moto que estava na minha frente se soltou, bateu na minha roda dianteira e fui ao chão. A sorte foi que a curva era para esquerda e não me machuquei, mas a moto destruiu e fiquei de fora na tomada de tempo. Na 1a bateria eu largaria no final do grid e na volta de apresentação tive que desistir pois havia vazamentos de óleo no motor. Então mais uma de fora, a situação para o campeonato se agravava. Mas como sempre, meu chefe de equipe, com sábias palavras me fez entender que o campeonato era longo, a equipe trabalhou rápido substituindo as peças com problemas (gentilmente cedidas pelo meu amigo Bolaxa)  e alinhei na segunda bateria no último lugar, a estratégia........simples, acelerar com segurança e marcar pontos, e foi isso exatamente que fiz, a sorte me ajudou, larguei bem pois estava com pneus menos gastos que os outros e consegui terminar em 3o. lugar, marquei 15pontos, com este resultado cai para 8o. lugar no campeonato.

Bom decidimos que a terceira etapa seria a arrancada para o campeonato, fomos para Londrina treinar, novamente tivemos problemas mecânicos, mais mesmos assim em dois dias conseguimos dar umas 130 voltas na pista e voltamos com a moto confiável e bem acertada.

3a. etapa Londrina-PR 29-07-2001, A chuva caiu a vontade na sexta feira antes da prova, aí começamos traçar a estratégia, nossa moto estava muito acertada então decidimos não arriscar tentando acertá-la para piso molhado, pois em nosso computador tínhamos tudo o acerto para piso molhado e seria questão de poucos minutos para modificá-la, então sentamos e assistimos os treinos, no sábado o tempo limpou , nossos adversários todos tinham problemas, fiz a pole com relativa facilidade mesmos com meus problemas físicos, ganhamos as duas baterias e fiz a melhor volta da pista , marquei 42 pontos e pulei para o 5o. lugar, festa na equipe e o ar de confiança voltou a reinar.

4a etapa Cascavel-PR 19-08-2001 bom a estas alturas a minha mão, os joelhos  e cotovelo já estavam pode se dizer em condições de pilotagem, mais meu pé continuava doendo muito e continuava a andar de muletas, os médicos me deram a notícia de que seria necessária mais uma cirurgia, então começamos a programar quando poderia fazê-la e que tivesse tempo de recuperação, bom embalado pela vitória da última prova fomos a Cascavel novamente, nunca havia ganho ali mas sempre briguei pela vitória, pista muito rápida, a briga ia ser forte, meus adversários #1Lambreta e #12 Bittar andando no mesmo segundo, não havia favorito, quer dizer eu não era o favorito, na tomada de tempo o #12 levou um tombo fortíssimo que chegou a interromper o treino, quando voltou para os minutos finais o motor da minha Suzuki abriu o bico, a sorte estava para o #1 que já vinha tendo muito azar, e agora o que fazer?????, ficamos até as 04:00 hs da manhã fazendo uma outra moto gentilmente cedida pelo meu grande amigo Jeff e fiz dois segundos lugares com uma moto mista metade minha e metade do jeff assim somando 34 pontos e continuando a escalada no campeonato, a estas alturas já era o 4o. mas muito distante do líder que saiu desta etapa com sua moto destruída.

Na viagem de volta a Curitiba-PR traçamos a estratégia para a próxima prova que seria em Guaporé-RS em duas semanas, concertamos o motor da minha moto, e num ato sem precedentes meu companheiro de equipe decidiu ceder sua moto a mim, então agora as condições melhoravam, mais a luta seria muito forte ainda.

5a. Etapa Guaporé-RS 02-09-2001, bom chegamos no autódromo por volta de 13:00 hs da sexta feira, a viagem foi longa, colocamos uma das motos em condições para treinar, na quarta ou quinta volta a chuva caiu forte e decidimos parar o treino sempre seguindo a estratégia de não treinar com piso molhado visando a integridade do meu pé, sabíamos que os pilotos gaúchos tinham treinado intensamente mas isso não nos preocupava pois nenhum  deles era ameaça ao titulo, no Sábado tudo mudou foi para pista, nossa moto carburada começou a falhar e ficou impraticável, então decidimos treinar com nossa nova moto injetada, depois de algumas voltas quebrou o motor, o pânico tomou conta da equipe, duas motos e ficamos a pé, depois de longo debate concluímos que a única chance era trabalhar para concertar a nossa menina dos olhos, e claro a Suzi carburada, trabalhamos madrugada adentro, mas conseguimos , no domingo ficamos sabendo que a classificação fora cancelada por problemas no equipamento de cronometragem e o grid seria definido por sorteio.........bahhhhh tche que sorte, também minutos depois fiquei sabendo que largaria na primeira fila...........bahhhhhhh tche a sorte sorria para meu lado, mas o acerto da moto ficou por conta do nosso computador, um pouco das minhas precárias voltas que tinha dado e outro pouco pelo nosso team manager (Gildo), 1a. bateria, a estratégia, muito simples, largar de bico e tentar abrir o Maximo possível.......,

Largou, não consegui largar de bico, mas no decorrer da primeira volta consegui a ponta e liderei até faltando 2 voltas para o final onde fui ultrapassado e terminei em 3o. lugar, em 2o.  terminou o #1 Lambreta que encurtaria 2 pontos a minha vantagem, mais em contrapartida o líder #12 Bittar terminou em 11o. então até aqui estava no lucro, voltamos aos boxes para traçar a estratégia para a segunda bateria, fizemos alteração na relação da moto, mudamos os freios dianteiros e a pressão dos pneus, 2a bateria, logo na volta de apresentação percebi que a moto estava melhor e meu chefe de equipe me liberou para usar todo o motor, ok largou a briga foi acirrada entre os quatro primeiros, eu andava a maior parte em segundo mais quando atacava o líder,  o perdia a posição para quem vinha atrás, ou tinha que defender , tentei mais não deu, faltando 2 voltas para o final tentei ultrapassar o líder e perdi o 2o. lugar, cai para 4o. então aproveitei a briga do 2o. e 3o. e passei os dois numa manobra parecida e decidi que era melhor terminar em 2o., ainda levei sorte e o #1 terminou em 4o. lugar ou seja abri dois pontos do #1 e encurtei muitos pontos do líder, marquei 32 pontos e voltamos exatamente 1 ponto atrás do líder, sucesso total.

Bom agora com duas motos e bem perto do líder e com bastante tempo para a próxima etapa decidi fazer a cirurgia no meu pé, foi muito sofrido, teria de ficar 20 dias em repouso, isto significava ....sem treino, e a próxima prova seria em Cascavel, onde as duas etapas anteriores nossos motores quebraram........................, a recuperação da cirurgia foi complicada, tive muitos problemas físicos, meus pais que gentilmente vieram da Argentina me ajudaram muito na minha recuperação, por que acho que os cuidados da “MAMÃE” são os melhores do universo.

Bom a equipe teve bastante tempo para trabalhar e, eu e meu chefe de equipe concluímos que para ganhar em Cascavel seria necessário desenvolver mais a SRAD injetada pois era bem mais veloz de reta e Cascavel e muito veloz, então caprichamos no motor da injection e fizemos um novo banco para mudar a posição de pilotagem acreditando que seria melhor, a SRAD carburada só foi revisada, ganhou um novo amortecedor de direção e o acerto básico foi feito pelos dados do computador.

6a. Etapa Cascavel 21-10-2001, como já disse minha cirurgia era muito recente, quase que não dava para colocar o pé no chão, a recuperação para estar “em condições” claro que não pois qualquer tombo em cima do pé seria o final do campeonato e talvez final de carreira , isto sempre esteve bem claro na minha cabeça e na cabeça do meu team manager que sempre me disse isto e jamais me deixou arriscar nada, sempre que fui a pista foi com total segurança e sempre com uma estratégia pré-estabelecida, mas voltando a Cascavel na sexta feira iríamos testar primeiro a Srad injection e depois faríamos o teste do banco que estava instalado na Carburada, dei 4 ou cinco voltas e de novo o motor fosse, encostei no Box e peguei a carburada, depois de algumas voltas na saída da famosa curva do vaciao curva feita a aprox. 200 km/h a moto chiou e acho que Deus me deu a última chance, por que só não caí por Deus, parei no Box muito assustado, falei para meu chefe de equipe que seria impossível pilotar com aquele banco, mais confesso que fiquei em pânico, bom no sábado acordei mais animado e pouco a pouco fui esquecendo do susto e já com o banco antigo consegui me encontrar de volta com a moto. Eu queria muito ganhar por que para mim como piloto era importante vencer numa pista que nunca tinha vencido, então como todas as outra provas anteriores, a briga pela pole foi intensa, mas na última volta fiquei com a pole .........aleluia ....valeu..............  A moto que tinha quebrado nas duas provas anteriores me levou a vitória nas duas baterias, nestas alturas parecia que conversávamos e a harmonia entre nós fluía, também fiz a volta mais rápida e o ponto extra e marquei 42 pontos, voltamos para Curitiba comemorando a vitória e a liderança do campeonato que era de apenas 12 pontos.

7a Etapa Curitiba-PR  11-11-2001, quando a corrida é em casa as coisas são bem melhor, primeiro por que não há desgaste viajando milhares de kilômetros, a torcida ajuda embora eu ache que minhas maiores torcidas são em Londrina e agora em Porto Alegre, a estrutura de Box é muito melhor e confortável sem dizer que dormir na cama da gente......, não tem coisa melhor, então de novo de motor zerado na injection e com muita sede de ver ela vencer fomos a pista, numa reunião de equipe concluímos que o objetivo era vencer para definir o campeonato então optamos em vista das últimas circunstâncias que seria mais confiável andar com a carburada, na tomada de tempo a moto simplesmente parou, na entrada da reta e com o embalo consegui chegar no Box, subi rapidamente na injection, e consegui fazer a pole, pintava a alegria que esperávamos a algumas provas .......mesmo assim o problema foi apenas uma mangueirinha de vácuo dos carburadores e continuamos com o plano de largar com a carburada, no domingo a chuva caía muito forte, não tive maiores problemas para liderar a prova com bastante folga mas a duas voltas do final tive problemas com o freio dianteiro e tive que aliviar o ritmo para abaixar a regulagem do freio pois estava travando a roda dianteira, então permiti a aproximação do segundo colocado que vinha fazendo a volta mais rápida em cima de volta mais rápida, e na última volta travamos uma briga muito arriscada por que ele queria ganhar e eu também, entramos lado a lado na curva da vitória............, e minha motinho realmente falou mais e acabei vencendo por apenas 180 milésimos, na segunda bateria meu chefe de equipe concluiu que devíamos dar um voto de confiança a nossa Suzi injection, e larguei com ela e venci de ponta a ponta, mais uma alegria na equipe pois era a primeira vitória da injecton além do campeonato por antecipação, marquei 41 pontos.

8a Etapa: Porto Alegre-RS 25-11-2001 bom já com o título na mão havia a possibilidade de não ir para a última etapa, mas numa reunião da equipe decidimos ir por que eu queria ganhar em Porto Alegre e queria comparar o meu poder de adaptação a uma pista pois nenhum piloto de motocicletas andava nesta pista desde 1995, os primeiros treinos livres foram feitos sem a chicane, depois de comum acordo em reunião os pilotos decidiram usar a chicane para aumentar a segurança, como o objetivo era vitória decidimos andar com a carburada, na tomada de tempos a corrente de transmissão quebrou em plena reta e o motor flutuou quebrando, marcando apenas o 6o lugar no grid 3a fila, nossa Suzi injection  estava com problemas e não era confiável mas só tinha ela, a estratégia: a seguinte não gastar pneus e largar de pneus novos, já que os cinco primeiros tinham colocado pneus novos para a classificação, na volta de apresentação começou a chover e tive até dificuldade para trazer a moto aos boxes, então trocamos os pneus rapidamente e alinhei para largar dos boxes................ o diretor de prova decidiu adiar a bateria para mais tarde alegando falta de segurança, na hora fiquei irado pois venceria facilmente mesmo largando dos boxes já que todos os oponentes estavam com pneus para piso seco, mas depois conclui que a decisão do diretor foi acertada, bom agora mudaria a estratégia, a pista estava seca e não sabia quanto poderia virar com pneus novos , então decidimos deixar os pneus até últimos instantes dentro dos cobertores elétricos para poder dar a primeira volta rápida para não perder contato com o líder que sabíamos que era muito rápido, então largou e em 5 curvas já era o segundo, na próxima coloquei por dentro e assumi a ponta, a briga duro a prova inteira até que na penúltima volta me aproveitando de retardatários e negociando melhor consegui vencer, na segunda bateria larguei de bico, mas a água começou a cair forte e a moto começou a ficar indirigível, fui ultrapassado e caí para 3o recuperei o 2o lugar e fiquei andando a alguns metros do ponteiro estudando o que fazer, mais a corrida terminou com bandeira vermelha e também achei certo pois estava muito difícil guiar nessas condições.........

Bom agora só resta agradecer aos meus patrocinadores permanentes:

MOTO macaco especiais.......AUTOCENTER MORGAN.........MOTUL.....

VIZUALISE........BOA VISTA REBOQUES...

Copatrocinadores:......SBS pastilhas de freio...........MICHELIM pneus.........

STAR MOTOS SUZUKI.............POSTO BONECA DO IGUACU.



AGRADEÇO A MINHA GRANDE EQUIPE GRINJETS racing..............ao meu TEAM MANAGER GILDO que sempre acreditou no meu potencial como piloto.



Agradeço ao DR ROMOALDO E LUCIO, responsáveis pelas cirurgias de tornozelo.



BOM CREIO QUE NÃO ME ESQUECI DE NINGUÉM E ESPERO NO ANO QUE VEM COM O No. 1 LEVAR MINHA EQUIPE E PATROCINADORES AO BICAMPEONATO.

  

MUITO OBRIGADO A TODOS #1 KALY

 

Mario Nitsche